Josephina Álvares de Azevedo, Narcisa Amália, Auta de Souza, Gilka Machado
Josephina Álvares de Azevedo
Foi escritora (poeta, contista e dramaturga), jornalista e uma das precursoras do feminismo no Brasil. Seus dados biográficos são falhos: apesar da certidão de óbito informar que o nascimento ocorreu na Paraíba, ela contava que nascera no Recife, onde viveu até os 26 anos, e que era prima de Álvares de Azevedo (e não sua meia-irmã, como se dizia). Assim como não se sabe onde Josephina estudou, com quem se casou, quantos/quem foram seus filhos e qual a data exata e a causa do seu falecimento, apenas alguns de seus textos foram reunidos em livros.
Fundou o jornal literário A Família, em 1888, que dedicou à educação das mulheres e mães, pois, como ela dizia, “mulher instruída é mulher emancipada”. O jornalserviu como caixa de ressonância do movimento feminista brasileiro ao publicar contos, prosas, poemas e traduções.
A poeta reivindicou o direito das mulheres a votar e serem votadas e se tornou uma das principais sufragistas do país.
A maior parte da produção jornalística, ficou esparsa na imprensa. Apesar de pesquisas historiográficas valiosas nas últimas décadas sobre imprensa e feminismo ressaltarem os escritos de Josephina, ainda há uma necessidade imensa de recuperar não só seus dados biográficos, mas também sua produção literária.
Narcisa Amália
Foi poeta, jornalista e professora. Nasceu em São João da Barra (RJ) em 1852, filha de Jácome de Campos, poeta, e Narcisa de Campos, professora. Aos onze anos, muda-se para Resende (RJ) e se casa, algum tempo depois, com um artista mambembe, de quem se divorcia ainda antes da maioridade, fato que a faz buscar a própria subsistência.
A partir de 1952, a poeta passa a se desenvolver intelectualmente e, logo em seguida, torna-se a primeira jornalista profissional do país, atuando na Gazetinha de Resende, como redatora, revisora e tradutora, e colaborando com outros meios de comunicação impressa, como A Família. Sempre se posicionando a favor da abolição da escravatura, defende a mulher e, embora admiradora de dom Pedro II (a quem conhecera pessoalmente ao lançar o livro Nebulosas), os ideais republicanos, temas presentes também em sua produção poética.
Auta de Souza
Poeta negra, nasceu em 1876 em Macaíba (RN), cidade que naquela época era o principal centro comercial e político do estado. Possivelmente, descendia de pessoas escravizadas. Estudou no colégio interno de São Vicente de Paula e nesse período se tornou fluente no idioma francês, no qual depois também escreveria poemas. Em 1894, começa a publicar na revista Oásis, de Natal (RN), e em outros jornais, utilizando-se às vezes dos pseudônimos Ida Salúcio e Hilário Neves. Sua produção abarca temas como orfandade, lutos, religiosidade, seu adoecimento e amor. No fim da vida, organiza seu primeiro e único livro, Horto, com prefácio de Olavo Bilac, e a tiragem se esgota em dois meses — algo surpreendente na época para uma mulher, e negra. No ano seguinte à publicação de Horto, Auta falece em decorrência da tuberculose, aos 24 anos, mesma doença que vitimara seus pais.
Gilka Machado
Poeta negra, considerada a primeira poeta erótica do país, Gilka Machado nasceu no Rio de Janeiro em 1893, numa família de artistas. Com catorze anos, valendo-se de seu nome e de pseudônimos, ganhou primeiro, segundo e terceiro lugares em um concurso de poesia do jornal A Imprensa, causando escândalo pelo teor erótico dos poemas. Escândalo que marcaria toda a sua trajetória poética. Com Bertha Lutz, é uma das fundadoras do Partido Republicano Feminino — o primeiro partido político para mulheres — e se torna uma das vozes do direito delas ao voto.
Em 1933, foi eleita a maior poeta do Brasil em um concurso promovido pela revista O Malho que teve pouca repercussão na crítica literária da época e no pensamento oficial. Em 1979, recebeu o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pela publicação de Poesias completas, antologia organizada por sua filha, e no ano seguinte faleceu em sua cidade natal.
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