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E depois também
- Autor(a): João Bandeira
Reunindo poemas escritos pelo poeta e artista visual João Bandeira nos últimos anos, E depois também pode ser lido como um álbum de paisagens. Logo na abertura, os leitores se deparam com a paisagem formada pelas lombadas de livros, em que o poeta paulistano — emparedado pela pandemia — vislumbra um poema escrito a muitas mãos que pode ajudar a abrir horizontes. Na página seguinte, é ainda a partir desse estranho isolamento que ele nos fala: uma multidão vem à soleira de sua casa, mas nada nem ninguém desfaz (nosso) sufoco.
Há também paisagens que se entrelaçam na memória. Por elas passam os carros antigos da família, “vindos de tão longe,/ buzinando em coro uníssono na lembrança”. Há também a paisagem terrível das “laives” presidenciais de outrora. E a história tensionada nos degraus da Bela Vista. E seguem-se morros, sertões, serras, mares, praias, rios, como se o sol subisse e mostrasse, a cada página, que o mundo é maior. E essas paisagens vão se enchendo de gente e bichos: há um beija-flor (que, zás!, escapa do poema), bem-te-vis, cachorros, e há os muitos amigos, os amores, as pessoas todas que vão compondo esse retrato vivo que se desdobra entre recordação e revelação.
Ao lado da beleza dos retratos e panoramas reunidos em E depois também, esse álbum de paisagens impressiona e cativa também porque João Bandeira consegue nos conduzir por “labirintos de linguagem” (para usar a precisa imagem que José Miguel Wisnik flagrou no livro anterior do poeta) construídos com olhos e ouvidos dos mais atentos e agudos.
Há também paisagens que se entrelaçam na memória. Por elas passam os carros antigos da família, “vindos de tão longe,/ buzinando em coro uníssono na lembrança”. Há também a paisagem terrível das “laives” presidenciais de outrora. E a história tensionada nos degraus da Bela Vista. E seguem-se morros, sertões, serras, mares, praias, rios, como se o sol subisse e mostrasse, a cada página, que o mundo é maior. E essas paisagens vão se enchendo de gente e bichos: há um beija-flor (que, zás!, escapa do poema), bem-te-vis, cachorros, e há os muitos amigos, os amores, as pessoas todas que vão compondo esse retrato vivo que se desdobra entre recordação e revelação.
Ao lado da beleza dos retratos e panoramas reunidos em E depois também, esse álbum de paisagens impressiona e cativa também porque João Bandeira consegue nos conduzir por “labirintos de linguagem” (para usar a precisa imagem que José Miguel Wisnik flagrou no livro anterior do poeta) construídos com olhos e ouvidos dos mais atentos e agudos.